Adeus a Quadra 196

Meus pés intensamente cansados

Põe-se a caminhar vagarosamente pela cidade

No esforço de prosseguir adiante

Desmorono ao defrontar-me com tão dura realidade

Vivi dias de fortaleza, brilhantes e gloriosos

Exalavam vida e deleito para o meu ser

Já outros, frágeis tão sensíveis que escorriam

Desmanchando ao pó tão pesado dia

Tenho buscado no indizível

Rastro de minha voz perdida

Pelos ares fogem deliberadamente

Tão fugaz sem conseguir alcançá-los

A fusão de recordações preenchem o vaso

Transbordando pra fora o excesso

Forte torrente inunda e arrasta

Adentro no longo túnel da saudade

Nesses dias tempestuosos e acinzentados

Exalam no percurso do tempo que corre

Rastros de dores espalham

As lembranças engavetadas

Tudo foi exposto no silêncio

Mas ninguém ousou desvendar

Na ânsia de segurar-me na morada

Desfaleceu-se a vida, afugentando-a de lá

Há presenças que se tornam ausências

Uns ficaram, mas queriam partir

Outros partiram, querendo ficar

É estranha tal dualidade ocorrida

Não pertencendo, deslocar-me-ei de lugar

Não há nada dizível ou que insista

A chave da porta tenho posse

Ausentei-me de Liantti

Embarquei para Bonwgüar

Viverei meus dias recompondo-se

De pedaço em pedaço, reviverei

Pincelar-se-ão novas cores

E um dia tornarei a voar

Envelhecida tornar-se-ão as lembranças

Deter-me-ei vagando entre saudades

Meu rastro inundado em múltiplas vivências

Que se despedem e perpassam na história

O coração por vezes dilacera, rasga-se aos trapos

Em instantes viajo, almejando acomodar

Meu coração tão atordoado

Submersa em lembranças

Guardo para relembrar

Escondo para procurar e encontrar

Protejo para cuidar

Resguardo evitando desmemoriar

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 26/12/2019
Reeditado em 26/12/2019
Código do texto: T6827408
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