ausência sólida
minha falta de letras
ou sonetos
é sua ausência
solidificada misturada
com as minha lágrimas
matinais,
hoje a hora que eu durmo
é a hora que eu acordaria
numa vida normal,
numa vida não minha,
que é tão minha
que está cravada em minha pele.
eu carrego essa marca,
como quem carrega a sua
criança no colo ou nas costas.
eu me carrego para passar por
você e não me machucar.
mas carrego sua carga
e seu cacos, eles me rasgam,
me mutilam e me matam a cada
dia, eu que ainda existo e
vivo tomando minha
xícara de café amargo que
nem seu beijo de despedida.
ah, o beijo de despedida não existiu
mas acho que isso machuca mais
que a sua ausência sólida que está
elevada ao cubo da hipotenusa da sua alma,
saudade da sua calma e da sua cama.