INTERMEZZO

O seu violino, papai,

Toca em surdina

A saudade encoberta

Pelo manto do tempo...

O "Intermezzo"

Ecoa em minha sensibilidade

Evocando ternura,

Gestos leves de mãos,

De carícias ternas

Em sua cabeça branca...

O seu violino, Papai.

Enche de melodias

A miragem do tempo,

Improvisa ternuras,

Evoca lembranças adormecidas,

Fere e enternece,

Alegra e magoa,

Levanta espumas,

Ergue catedrais,

Chora com o vento,

Aclara a neblina ligeira,

Esparge luz, abençoa...

O seu violino, Papai,

De cordas sensíveis,

Vibradas por mãos invisíveis,

Improvisa lamentos,

Adensa as núvens

Ascende aos céus

E retorna em pianíssimos,

De leve, mavioso,

Compondo melodias de saudade...

E como dói, papai, ouvir você

Apenas como eco distante,

Um violino na noite,

Presente apenas na saudade,

Saudade imensa de você.

Linandre
Enviado por Linandre em 10/11/2005
Código do texto: T69423