CARTA PARA HELENA
Minhas palavras sinceras
São um poço de castigo
É uma fruta que dilacera
O incrédulo em alarido
As falacias me rodeiam
Afrontam minha razão
Como palavras rebeldes
Lançadas ao duro sermão
Meu peito é abrigo
De uma amarga partitura
Um canto que é perpétuo
Na avenida da paura
Calma Helena
Cisma da minha alma
Querubim do meu arranjo
Gracejo d'alma
Calma Helena
Sinto falta dos bugachos*
Que propusera a mim mesmo
O sobejo dos seus cachos
Calma Helena,
Sinto lhe o que vou dizer
A tolice me venceu
O meu medo de morrer
Que saudade Helena
Ja dizia um dito antigo
"Aquele que diz verdade,
não merece castigo".
Eu entrei em paranoia
Matei minha filosofia
Estava em metanoia
Hoje brado a alforria
De quem antes sorria
A vaga ingenuidade
Chorei a prisão caótica
Pela podre humanidade
Hoje Helena
Sob pena
De um sentimento
De lamentação
No cemitério
De Madalena
Chora rosas
De um perdão em vão.
* Bugacho= Pequeno Novelo, situação embaraçosa.