NOTURNO

Havia nos ares uma grande saudade

Na sombra do arbusto sentíamos calor

O sol sempre rubro nos fazia maldade

E tristes dormíamos em sonhos de amor...

Perfumes tão fortes – chorava uma flor...

As aves descendo trinavam canções...

Da Musa escapavam suspiros de dor

Bailando na mente com ternas visões...

Do sonho acordei, mas fiquei deslumbrado

Recoberto da luz que fulgia bem perto...

Os olhos fechados nem sei bem ao certo

Nem vi pobre Musa sentada ao meu lado

Só lembro o fulgor dos olhos dela tão lindos

Escondendo tão meigos prazeres infindos...

(Rio Grande-RS, 1945)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 11/05/2020
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