No teu jardim
No teu jardim
No meu silêncio cheio de nada
Oiço o que a tua boca cala
Mas o teu corpo grita...
Dos teus dedos pinga o mel
Que eu não colho!
E a vertigem nua,
Ceifada na minha intimidade,
Se vestiu de prazer
Em outras entranhas...
No teu jardim, a brisa corre,
Arrepia as minhas pétalas
De flor singela...
Mas só a flor repleta de néctar
Atrai o sol
E as borboletas que te nascem nos lábios
No canteiro que mais cuidas!
Ela estremecerá sob as tuas mãos
E, na suavidade do arco-íris,
Aspirarás o exotismo da sua voz...
Nas minhas pétalas selvagens
O pudor desenhou um não...
Veio o vento...
Veio a chuva,
Desfolhou-me!
No espaço do teu jardim a noite caiu,
Definitivamente!...