Saudade que espera
Saudade tanta que dói no corpo
Ver meu tempo passando
Sem poder tocar o que amo
Saudade imensa
Que os olhos e a boca e a pele
Ardem de tanta espera
Saudade profunda
Afogada no medo e na dúvida
De um mar que não a sufoca
Saudade tanta, de fazer gritar
Porque na fala pouca
Na escrita impotente
E no desejo contínuo
Já não cabe mais
Saudade profana
Fica-se aqui nessa memória
Revivida e enlouquecida
Procurando-se espaços de amor
Saudade latente
A gente vai ficando na revisitação da memória
Submersos numa vida pretérita
Enquanto o futuro não chega
Enquanto a saudade não se dispersa
A gente se aquieta
A gente se inquieta
A gente se espera, silenciosamente
Na inquietude da esperança