Ligados

Enquanto você se despe de tudo que foi nosso
eu me relato a você.
A notícia não lhe chega.
Há um abismo entre o céu,
nas nuvens dos meus tetos,
no paradoxo dos afetos.
Existe um vulcão entre a terra,
no peso dos únicos desejos,
na clausura onde marcamos nossos beijos.
Sei que pode haver um perdão em cada seio.
Quero que salte da sua boca o meu.
Apenas uma palavra para sublimar
a quietude eventual, antes do silêncio.
Deve haver um último olhar como oferenda,
sobre a planície de algum lugar,
em uma qualquer emoção.
Quero que esverdeie a estrada
no tropeço da dura caminhada.
Hás de me designar um lampejo.
Entre tantos raios de luz,
sei que ainda pode se criar um abraço,
não como o que vivi hoje... Aqui, vazio.
Quero receber um bálsamo de candura,
pode, talvez, deve ser transitório,
mas nunca um vago momento de aventura.
Enquanto você nua em um todo
perfuma as aragens da razão,
vedando a ausência no presente,
tentando vestir de nuvens um ontem.
Um ontem que foi bem ontem,
que vive agora comigo, entre nós,
não passa de um advérbio de tempo...
de ligação eterna para mim...Pra você.