SAUDADE DA VIDA NA FAZENDA
Das noitinhas na fazenda
Ali não tinha energia
Nem se conhecia a tal da tecnologia
Assim que a lua surgia
Aflorava a nossa alegria...
Na varanda a meninada se sentava
Para ouvir as belas histórias
Não tinha príncipe e nem fada
Nem princesa encantada...
Tinha mula sem cabeça
Bicho que soltava fogo pela venta
Eram feras estranhas
Dizem viver nas montanhas...
Todos tremiam de medo
Ao falar do lobisomem
Que ele era um homem
E só aparecia nas noites de lua cheia...
Era só nas sextas-feiras
Que o bicho homem saia
De criancinha a filhote de animal
Tudo que encontrava ele pegava
Era do sangue que se alimentava...
E o negrinho do pastoreio
A noite espantava o gado que dormia
Era tanta estripulia
Desse moleque arteiro...
Essa história segue até hoje
Ninguém sabe o porquê
As estripulias que fazia
O pai do Saci-Pererê...
Tudo a meninada acreditava
Começava a tremedeira
E o medo à noite inteira
Quando diziam que por ali o bicho passava...
Na manhã seguinte era aquela falação
O dia passava se arrastando
Assim que a noite ia chegando
Todos queriam contar os sonhos de assombração...
Hoje fica a lembrança
Só resta-me resgatar
Nos meus versos que vou contando
Daquele tempo de criança...
autoria- Irá Rodrigues
http://iraazevedo.blogspot.com.br/