Madrugada

Procuro nas coisas dóceis um pouco que resta de ti

Uma pitada de inocência dos tempos que já lá vão.

Fico aqui de olhos semicerrados,

Relembrando retalhos de memórias

Quando ainda eras a presença fulcral.

Procuro nas palavras escritas

Um pouco dos sentimentos outrora vividos

Uma explicação,

Várias explicações para que eu entenda a tua perda.

Esta madrugada gelada mas menos fria do que tu

Adormeci na tristeza e na saudade do antigamente…

O mundo dá muitas voltas

A mudança é obrigatória

E o planeta não é quadrado, é redondo

Como um ciclo vicioso que não termina nunca.

Falta-lhe vértices, ângulos, fins e começos.

E é através deste momento

Que me recordo do pior e do melhor de ti,

E prefiro reflectir no lado mais selvagem,

Porque desta forma a dor diminui,

Reduzindo-te a um coração perdido no limbo,

Frio,

Gélido,

Mais do que esta madrugada que passou.

Pois estou só, e nem estas mantas me aquecem

Como os teus braços outrora o fizeram.

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 13/11/2005
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