Naufrágio
Meu amor naufraga nesse mar de sonho:
As noturnas vagas, raios, tempestade...
O meu peito indaga, num olhar tristonho,
se a procela apaga tanta iniqüidade.
Das soturnas plagas vem teu "vento" errante,
corta, como adaga, as velas da saudade
e abre minhas chagas na dor lancinante
que ao meu sonho afaga por pura maldade.
E em teu oceano de lágrimas frias
morro em desengano, sem poder voltar...
Já não faço planos, chego ao fim dos dias
por só ser humano, e não saber nadar...
Lá no fundo escuro hão de achar-me um dia
entre algum monturo; meus "restos" no mar:
"Barco tão seguro, naufragar não ia..."
Mas, no casco, um furo a te denunciar...