Lua Soberana

Há uma dor sagrada

Que mora há séculos

Calada, trancada,

Em minha alma dormente.

Há um olhar, calado,

Que carrega os sons do mundo

Em seu interior

Há um desejo estático

Deserdado da presença

Do risco anterior

Há um sintoma agudo

De que a saudade se fez presente.

Há um espírito que emana luz

Branca, fluorescente,

Que me guia nas noites insones

Aos teus braços, teu corpo quente.

Há uma agonia, acredito,

De tantos espaços, tantas distâncias.

Há o conforto dulcíssimo

De deitar em teu corpo e me sentir criança

Há da mesma forma

Que há esse desejo latente

De que meus caminhos me levem

Mais uma vez ao teu lado.

Unir as minhas últimas peças

Restaurar o que perdi

Partida em tantas paixões,

Tenho o peito dilacerado

Enquanto a Lua

Nasce soberana

No mar

(Jessiely)