saudade.

resta no peito a saudade que dói

de eu mesmo, num tempo alegre

onde podia ser ao menos sincero

com minha bondade interior -

por mais que literalmente

ela não existisse

de verdade.

finca na minha vista o vão da mudança

que houve numa calmaria tensa

da transição ao pacífico.

faz falta, sinceramente, o que era antes;

mas foi necessário que eu me moldasse

como um vaso de argila

por completo.

crendo eu, que seria feliz um dia,

mantive-me são com pílulas

e drogas

e livros

e eu;

pensando que um dia alcançaria

o mínimo de emoção humana.

moro dentro de um vazio astral;

vazio consciente e mental;

e não vejo nenhum recomeço

que parta de onde eu terminei.

desde então, mantenho-me afogado

em pensamentos infelizes e turbulentos.

mas ignoro a vida como um todo

pois a morte chega;

um dia!