Cantos de outrora

E vocês onde estão agora

Os sons de minhas memórias

Se o alvorecer me acorda

Eis o que tenho por ora

Cantos grotescos silvos estridentes

Agridem os tímpanos

Não! Não são nem parentes

Nos olhos as lágrimas

Fechá-los é pura sinfonia

O chilrear no amanhecer

E a algazarra ao entardecer

Ecos do passado...

Quando em bando da aula saíamos

Livres alegres barulhentos em desalinho

Em troça gritavam com carinho

"Lá se vão os pardais"

Sim confiantes de volta ao ninho

Orgulhosos da comparação

E vocês amiguinhos

Em que abrigo estão

O quintal a velha árvore

Já não existem não

Indagar me desfalece o coração

Companheiros na infância

Estavam lá na juventude

E naquela fase também

Dos primeiros dilemas da vida

Em que não escapa ninguém

Do risco de perder a poesia

De repente não mais

Sua alegre cantoria

O silêncio a ausência

Marcas pra lembrar

Um tempo que se foi

Como vocês

Pra não mais voltar