Jardins da infância

Velas mortas pela noite saúdam a brisa que invade as casas de terra e reza

Ruas pisoteadas por autores transeuntes gritam o vermelho das flores e o amarelo das podres frutas

O cais e o caos a perder-se em meio aos mudos e moribundos peixes

Estátuas e fotos a ironizar o movimento e vozes ao léu a coibir o som do silêncio

A grama entrincheirada na sola de meu sapato lembra-me as tardes coloridas nos secretos jardins da infância

As crianças a brincar com o mundo das gravatas

Os velhos a observar em seus solitários quartos os quartos velhos de tempos em lá

A ler o que me cerca caminho rumo a mim –

Deito-me em meu leito a lembrar das sagradas e profanas tardes nos secretos jardins da infância.

Thiago Castro
Enviado por Thiago Castro em 17/11/2005
Código do texto: T72757