Se toda saudade coubesse numa carta

Te guardei nessa foto, porque de alguma forma te guardar nessa foto foi minha maneira de te manter vivo em mim – não importando o quanto seus olhos castanhos me rasgassem e eu tivesse que recorrer a algum salvador

E te manter vivo em mim, sim, com seus olhos penetrando nos meus, esse maldito olhar castanho claro, me preenche de uma alegria insaciável – já não me machuco ao escrever mais uma carta para salvar minha alma e todo amor que a sua me proporcionou

Te daria minha vida, embora já a tenha vendido para um significado cada vez mais vazio– a tal ponto apenas durmo para encontrar-te e novamente poder chorar ao seu lado – há muito você se foi e desde então nada está bem

Lembro de todos os dias em que te encontrei chorando dores amargas decorrente de escolhas próprias e não pude estar ao seu lado

Quando rezar deixou de ser uma opção, já era tarde demais e eu não pude fazer nada, nem mesmo dizer que te amo. E quando os cortes que ninguém viu perderam todo significado, de alguma forma te senti lá, isso só aumentou minha raiva, por que nenhum outro esteve do meu lado? por que não poderia confiar a dor imediata de pulsos cortados a alguém? Alguém que pudesse estar lá. Eu te odeio do fundo da minha existência. Mas ainda assim te amo.

Agora me contento com cartas pra demonstrar que nem tudo está perdido e que te guardar nessa foto foi minha única opção – te perdi diversas vezes, espero não te perder de novo, na próxima vez que nos encontrarmos.