O medo da noite eterna apagou meus sonhos
E o vazio de não sentir se instalou em minha alma.
É triste sentir falta do que tendo eu quase não tive,
Como é triste sentir a solidão despertando ao meu lado.
 
Queria voltar a ser menino num efêmero recomeçar,
Correr no gramado do campo com a bola na mão.
Olho teu retrato com a criança no imenso parque,
Revejo o olhar triste de infância no mundo girando.
 
Quem dera o tempo não existisse, fosse apenas uma ilusão
E que a vida fosse somente um simples passar das horas.
O medo da noite eterna me persegue na aurora,
Os vaga-lumes brilham como estrelas na minha noite.
 
No quarto o monstro da madrugada flutua perfumado,
Sinto o aroma da fronha nos meus sonhos verdejantes,
Nunca disseste que a vida era dura com quem vive,
Nunca sorriste para mim com a ternura de um olhar infantil.
 
Não me deixes sentir a noite eterna tão cedo,
Não me deixes voar com os brilhos dos vaga-lumes.
Não pude segurar tua mão na triste despedida,
Trazer de volta a esperança de uma vida perdida.
 
Não te vi seguir para a noite escura e tenebrosa,
Não despediste da minha presença na tua longa ausência.
A noite eterna me persegue na lápide do meu quarto,
Os brilhos das estrelas voam na escuridão lilás do sonhar.