Divagações Retilianas de um Marujo

Sobre as ondas a balançar, fico olhando ao largo as praias onde as brumas vão se formar. Onde as mulatas, loiras, morenas e negras estão nas águas a mergulhar.

Chamam-na de praia de Iracema, onde desfilam artistas, poetas, operários e até atores de cinema.

Grande é a frustração de não poder ir em terra, saborear as iguarias; baião de dois, piaba assada, feijão mulatinho com bucho de boi, chupar um gostoso dindin. Rever a imagem gigante de padre Cícero que os cearenses chamam de meu padim.

Felicidade é andar por esse Nordeste, passear nas feiras e prosear com um cabra da peste.

À tardinha antes do pôr do sol fico também de longe a espiar...as jangadas que retornam empanadas da missão de pescar.

Exibem cestos com pargos, xaréus, cangulos, siris, cavalas, serras e algumas lagostas, até uma barracuda que queria sua pescaria atrapalhar; atacando os peixes que ele tentava pescar.

O vento leste incessante, que não pára de soprar, eita ventinho enxerido! que não para das saias levantar, querendo as partes escondidas também refrescar.

Não dá pra ver o velho liceu cearense! Onde tanta gente famosa por lá passou, escritores, políticos, poetas, cantores, humoristas e até Raimundo Fagner lá também estudou.

Eita terra famosa de onde o emblemático dragão do mar surgiu, cortando o comércio escravagista, foi o primeiro estado que a esta maldita prática aboliu.

O farol do mucuripe que imponente permanece, orientando os navegadores para acidentes não ocorrer...seu lampejo rotineiro evita que muitos capitães não deixem suas tripulações perecer.

O moinho do cais do porto onde os navios vêm atracar, desembarcam seus marinheiros para em terra ir passear, o apito longo vem logo na aurora! As meninas ficam com lenços brancos acenando, pois quando bate o sino do navio os marinheiros vão embora.

Oh! Ceará querido teus filhos por toda terra espalhados estão, chamam-no de judeu brasileiro...e eles têm toda razão. Suas redes são comercializadas pelas cidades do mundo inteiro...foram batizados de paraíba, lá para as bandas do Rio de Janeiro.

Vivendo em uma terra longínqua a saudade fica de ti querido Ceará, és um filho da mãe gentil, um patrimônio histórico que enriquece a história do nosso Brasil.

ARTONILSON MACEDO BEZERRA
Enviado por ARTONILSON MACEDO BEZERRA em 25/10/2021
Reeditado em 25/10/2021
Código do texto: T7370801
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