Em rostos outros.

Preparo-me para a morte das pessoas que amo,

já sabendo que o desespero me ronda a alma.

Espanta-me a finitude humana ser tomada como improvável,

já que morrer é fato.

É fardo.

É destino nato.

Amparo-me na fé de um futuro pós óbito,

tanto quanto na esperança de um destino pós-parto.

Não desejo vê-los encaixotados tão cedo.

Se por medo de um desalento súbito,

ou esperança de que a passagem é um risco calculado,

acredito na vida do espírito maculado e ​lúcido.

​Desperto.

Ressuscitado no inferno de tuas saudades .

​ Preparo-me para a morte das pessoas que amo,

já sabendo que as verei novamente em anos vindouros.

Na poeira do cosmos.

No pavilhão dos loucos .

Na poesia das profecias divinas.

Em rostos outros.

@literuaitura