Um conto brejeiro
O tempo desmaiou água no chão,
Era a pestana do céu
Esfregando os olhos com a mão,
Vento rilhava as folhas, rodopiava estirante na ponta do velho pião.
Andando na terra vermelha
Levando poeira de estiva
Neste sertão granelheiro
Com meu coração no chão.
Eita lembrança do som
Quando cavalgo sela de couro
Montado no cavalo malhado
Até a queima do alho alimentando
A barriga no prato velho do ouro.
A noite era um kilo de medo
Assoprando coivara no brejo onde
Areia fininha de brancura, beijava
O espelho d'água na beira do rachão.
Muriçoca fazia pasto nas costas
Queimava de fazer bico de sopro
Até o sono chegar enjoado de contar estrelas trazendo descanso são.