Um Adeus no Silêncio
Ouço um grito de adeus,
Do abismo dos sonhos meus.
Com o lirismo dum poema
Da tristeza mais extrema.
Como um som angustiado
Pelo silêncio abafado.
Como uma prece mortiça
Com solenidade de missa.
De quem é esta despedida,
Musical e tão dolorida?
Será alguma alma agonizante
Perdida em lugar distante?
Dolência de suspiros
Tendo sombras como retiro?
Talvez seja sonho a voar,
Por cadavérico céu de luar.
Ecoada com certo critério
Dos lábios do mistério.
Quero saber de onde brota
Esta ígnea flor ignota.
Quero saber quem assim
Despede-se tristemente de mim.
Talvez esse tristonho adeus
Seja a despedida dum deus.
Talvez eu nunca descubra
Mas o pensamento elocubra.
Perdendo-se na densa bruma,
Para o nunca mais ele ruma.
E num espasmo de ânsia,
Se vai o adeus triste da infância!