OS DOIS CRAVOS

Homenagem ao querido e saudoso

poeta Gióia Jr autor desta preciosidade

que estou editando

Da mesma terra fecunda

Na tarde macia e langue

Nasceram dois cravos rubros

Dois rubros cravos de sangue.

Nasceram na mesma terra

Ao mesmo raio de sol

E juntos como nasceram

Rubros e meigos cresceram

Beijando o mesmo arrebol.

Um dia boiavam nuvens

Na fúria que desespera

Banhava a fronte rosada

Da sublime primavera.

Passou por aquela parte

Uma menina sem forças.

Tão pobre, tão pobrezinha

Que nem sapatinhos tinha

Pálida e triste inclinou-se

sobre a terra de joelho

E foi apanhar humilde

Um dos dois cravos vermelhos.

Iria depositá-lo

Na terra nua e sombria

Onde num sono de há muitos

Sua mãezinha dormia.

E dos olhinhos aflitos

O pranto rolou sereno

Como um filete de prata

Por sobre o seu rosto moreno.

E uma lágrima sentida

Rolou da pálpebra exangue

E foi cair docemente

Num dos dois cravos de sangue.

E o cravo lindo de um brilho

Que quase não se descreve

Tornou-se claro de arminho

Tornou-se branco de neve.

Desde esse dia repousa

Na casta serenidade.

Um cravo frio na lousa

Branco e frio de saudade.

Cravo branco, cravo triste feito de lágrimas,

Feitos das vestes de arminho

Não venhas nunca em meu peito

Não quero ficvar sozinho.

Menestrel do Amor
Enviado por Menestrel do Amor em 27/11/2007
Código do texto: T754124