Meu pai

Meu querido pai

Sempre foi velho guerreiro

Por vezes a trabalhar

Passava fora o dia inteiro

Com a idade avançada

Já mesmo pela terceira idade

Andava pelas ruas vendendo doce

Percorria por horas cortando a cidade

Saia do jardim União

Para chegar na porta de uma escola

Lá do Jardim Casa Grande

E eu criança soltava pipa e jogava bola

Quando findava a tarde

Lá longe surgia meu pai voltando

Eu sempre saia ao seu encontro

Todas as tardes e ele vinha cambaleando

Voltava bêbado após passar por bares

Diversas vezes chagava carregado

Às vezes perdia seu dinheiro pelo caminho

Quando não por outros furtado

E assim era minha infância

As vezes doce pela inocência

Aquele menino e seus irmãos

E outras vezes amarga pela violência

Meu pai sóbrio era diferente

Um pai responsável e amoroso

Bêbado se transformava em outro

Era violento e rancoroso

Até que um dia mudou seu pensamento

Parou a bebedeira e passou a frequentar

Uma igreja perto de casa

Onde numa manhã veio a nos deixar

Deitou no banco da igreja

E partiu após um infarto

Porém minha última palavra antes de casa sair

Ele estava deitado na cama lá no quarto

Pai, estou indo trabalhar

No armário da cozinha tem pão

Tome o café e o coma

Sai e fui para meu trabalho então

Depois nunca mais vi meu pai com vida

Naquela manhã de março ele foi embora

Ele se foi para não mais voltar

E até hoje meu coração sua ausência chora

Robnho Da Madeira
Enviado por Robnho Da Madeira em 07/07/2022
Reeditado em 07/07/2022
Código do texto: T7554492
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.