sarau

uma harpa no salão

as notas agudas gemendo por dentro

olhos em silêncio

rezando poesias

e, milhões encontros e desencontros

de almas

a luminescência discreta da vela,

a dar um ar lúgubre e medieval

o eterno quixote de vígilia

dos sonhos,

sonhos infinitos,

sonhos inacabados,

sonhos grotescos

de seres transgressíveis

a patela das pernas

os pés,

o grego junto ao som da harpa

arquitetaram um olimpo de semideuses

e semideusas

a procura de eros

amor e deseperança,

o labirinto dos sentimentos,

o turbilhão de pensamentos

na dinâmica universal,

no metabolismo híbrido

e contemporâneo

infelicidades expostas

agonias presumidas,

esquartejadas pelos cantos.

olhos que não olham,

apenas choram

pelo poeta triste.

silêncio,

poesia,

um copo gelado na mão

e, um coração latente

que antes de julgar

acreditava na universalidade

de ser digno.

dignidade de gueto

dignidade sub-reptícia

encoberta,

oculta

por pretensa masculidade estética

por explicíta

feminilidade mutilada.

Restos de poesia,

cacos de cristais

refletindo luzes, sentidas

e pressentidas pelo olimpo inteiro.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/12/2007
Código do texto: T785833
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