Você vive em mim

Estou aqui em silêncio

diante do sofrimento.

A dor é enorme.

Como incomoda.

Lágrimas correm.

O que é a morte?

Há dias agradeci a você

pelo meu nascimento.

Quando num momento único

e mágico entre nós dois

escutei dos seus lábios:

"Sou eu quem agradeço

a você pela minha vida".

Naquele momento não sabia

que se eternizava a

nossa pré-despedida.

Bem que Eliza já me

dizia que "poesia

é fio condutor, história

de uma vida,

é dor sentida"...

Mas você é valente e não foi.

Engoli meus próprios versos.

Saímos juntos do labirinto...

e eis que ainda outra dolorida

cirurgia teves que enfrentar.

Agora não só sinto,

como percebo que você

está indo mesmo embora. Fui avisado.

Não sei se fico. Não sei se viajo.

Desculpe mamãe. Estou fraco!

Sem forças para ir aí

me despedir, de fato.

Estive colado no seu ventre.

Sei que a fiz sofrer ao nascer.

Só saí à fóceps...duplo trauma...

para logo depois cair no mundo.

Procurei ser um bom filho.

Penso que consegui.

No próximo dia da mães,

no ano que vem,

não terei mais a quem

dar meus parabéns

pelo seu dia. No passado

Deus ouviu a minha prece

e ainda consegui. Como dói isso.

Mas o que você está enfrentando

agora...não há ser humano

que aguente tanto.

Você passou por um calvário. Foi cruel.

Diversas e sofridas operações de câncer.

Em cada uma delas sentimos aqui e ali

na própria carne as chibatadas.

Não podemos mais ser egoístas.

Prendê-la conosco. Pode ir...

Quando minutamos estes versos,

não tem um mês,

ouvi assim: "Que horrível!

Parece morte anunciada".

Foi o meu jeito de por pra fora

um pouco do horror da dor.

Deus está agora, de fato,

te chamando...obedeça!

Quero que você descanse...

em Paz. Vai sem medo.

Você vive em mim

O que mais dizer?

O sentimento abafado?

Já gritei. Berrei à quatro

ventos. Dei vexame.

Vai mamãe o céu te

espera em festas.

Seu Menezes, Ana Amélia,

Roque e Lourival

e tantos outros nossos...

estão alegres...

mas nós aqui já com as

saudades multiplicadas.

sua sofrida partida está me

deixando desconsolado.

Mas sei que logo, logo...

nos reencontraremos

noutro plano.

O que me deixa

um pouco confortado

é estar aqui

poetizando estes versos.

Até já! Seu filho que

muito a ama, amou e amará!

Hildebrando Menezes (juca)

Brasília/DF, Porto União/SC 26/05/2007

In memórian de Aída Nardi Menezes...

minha eterna mãezinha

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 22/12/2007
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