ESSE TEMPO PASSOU

Sentir falta da pessoa errada,

Pensando em ir tê-la na sacada,

Esperando e correndo em sua direção,

Mais uma vez acelera o coração,

E se impõe a realidade:

Que o que parecia ser verdade,

Era em si insanidade,

Imoralidade.

Talvez puro

E tão seguro,

Sem tanta promiscuidade.

Hoje luto e não reluto,

Ou então evito relutar...

Que saudades bate no peito,

E sob dores me deleito,

Do passado que não voltará.

Era melhor ter sido assim,

Digo isso não só por mim,

Era um sofrimento tamanho,

Sempre com um estranho,

Para suprir suas necessidades,

Então quebrou o ciclo de vaidades,

Para dar lugar às oportunidades,

De um novo enredo, mais gracioso,

Talvez até bem generoso,

Com mais compaixão,

Com mais piedade.

Eu fui já sabendo,

Firme e crendo,

No que daria no final,

Planejando o inconstante,

Sendo o fiel amante,

E o infiel amigo,

Ou ao contrário.

Fui fiel demais a um plano,

Tão megalômano,

Que não podia gerar engano,

O tão distante que consigo,

No meu empenhar diário,

Até o último tchau.

Enfim, devo agora tomar as lições,

Não há mais ambiguidades, ambições,

Nem razões tais quais me desfavoreçam...

Nem há tantas forças as quais me exerçam,

Para que eu não-imune me apodreça,

Pereça, amanheça de ponta cabeça,

Ensaiando a mais nova peça,

Do que será o futuro e o que me aguarda,

Quem muito cedo idealiza,

Adianta sua moral falha,

E a ti mesmo tarda,

Em tudo que precisa,

Em cada migalha,

Do que sonhou e não realizou.

Tenho saudades, mas não vou atrás,

Não mais.

Esse tempo passou.