DESPREZO

Vem a brisa

Vem a sorte

E a dor é a mesma

Entre a vida e a morte

Eu fico toda a noite

Curtindo ou levando

Vagando, esperando

O futuro que nos pertence

Não é meu jeito gritar ao mundo

Vou fundo, no injusto vale

Da solidão

Me chama em mente, com gritos

Que escuto

Vem mudo, surdo, quente

Sem choro

Venha com tons, dons

Ouça a música que jaz

Toque o distante som

Que já não satisfaz

Não me venha com sons

Com rima de amor

E cor

Meu amor

Não me peça para fazer versos

Sem dor

O descompasso do coração

Lembra o pulso da canção

De um cantor incomum

Mas pra gente não

O solo ficou mais triste

Você não está

Você existe

Você sou

A estação é a mesma

A primavera passou

E você se esqueceu

De regar as flores

E colheu-me com amargura