Dona Saudade
Dona Saudade, a que devo a visita?
A noite lá fora não te quis hospedar?
Cá dentro minh’alma solitária palpita,
Tão nobre visita nunca irá recusar.
Cabelos em cachos, tão negros, tão belos,
Salpicados de estrelas da noite, a brilhar.
Sorriso nos lábios tão puros, singelos,
Dona Saudade te convidamos a entrar.
Nos olhos promessas de doces lembranças,
De um passado lindo que não volta mais.
Cabelos em cachos, outrora eram tranças,
És lenitivo, és consolo aos meus tristes ais.
Meu peito se abre, te acolhe hospedeiro,
Minha alma se exulta, podes nela morar.
Para mim és retrato do amor verdadeiro
Que, sem pedir licença, entrou para ficar.