MANTO NEGRO
MANTO NEGRO
Deitei-me sobre o sofá
em que o tempo amarelou os sonhos
O sol ainda era vivo
e as fotografias não sorriam na parede
e também amareladas
O relógio tinha que tá, tinha que tá
mas não tá. (esta foi a única coisa que o tempo parou)
O tempo não pára
O chá posto na mesa perdera o quente
o morno,
agora frio, sem gosto
O aroma alecrim da vida
Se perdeu na infância
que se perdeu na memória
A noite cobrira-me de negro
enquanto minha pele escorreu um pouco
embaixo dos olhos
O passado passa em descompasso
não delimito o espaço
traço a vida passo a passo
Mas agora que a noite me cobriu...
Agora que o chá não tem mais gosto...
O relógio tinha que tá, tinha que tá
mas não
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