Minha rua
Aquela não é mais a minha rua,
Já não é mais a mesma rua, aquela.
Onde está minha casa feliz?
Não mais posso entrar dentro dela.
Uns dizem que é o progresso,
Outros dizem que o tempo não volta,
Que ao passado não há retrocesso,
E o presente faz fechar-lhe a porta.
Só me restam agora as lembranças
Da acolhedora casinha amarela,
Onde minha mãe a cantar sorridente,
Não reclamava da vida singela
E meu pai ao sair pro trabalho,
Nos abraçava e beijava, contente,
Prometendo que na volta traria,
Guloseimas e paparicos pra gente.
São retratos desse tempo tão lindo,
São resquícios a desfilar na lembrança,
Em que a vida eternamente sorrindo,
Parecia também ser criança.
Sei que agora só resta a saudade.
Daquela simples casinha amarela,
Onde a paz, o amor e a felicidade,
Não se cansavam de morar dentro dela.
Ao passado me volto saudoso,
Por instantes eu retorno à infância
Ao meu tempo tão calmo e ditoso,
Em que a alegria era uma constância
E tudo eras simples, belo e gostoso.