Abandonada na praia

Uma rosa abandonada na praia

À espera de seu amor que partiu

Compadecida de sua sorte

As águas vinham refrescar-lhe as pétalas

Ao sentir o frescor das águas

Ela lembrava-se das últimas palavras

No momento do embarque:

“Hei de voltar, te amo!”

Porém, iam passando os dias

E a rosa na praia passeava

Com os olhos voltados para o horizonte

Perscrutando as águas do mar

Desalentada, murmurava uma canção saudosa

“Foi, pra nunca mais voltar”

Mas, a rosa não perdia as esperanças

Todos os dias voltava à praia

E indagava às gaivotas do seu amor

Que pipilando respondiam:

“Vimos, mas não sabemos se volta

Partiu pro alto mar

Levou a alegria consigo

E a saudade deixou cá”

E assim, passavam-se os dias

E a rosa murchava, fenecia

A saudade a consumia

Mas mantinha a certeza

Do regresso do seu amor

As ondas, suas companheiras

Vinham beijar-lhe os pés

Mitigando-lhe a dor

Lançava objetos na areia

Para alegrar a pobre rosa

Outras vezes, brincavam de desmanchar castelos

O que a rosa fazia maquinalmente

Pensando: “Desfez-se meu castelo de sonhos

Nunca mais hei de encontrá-lo”

Numa destas manhãs límpidas e claras

As ondas jubilosas

Beijavam os pés da rosa

Que cantarolava sua canção de saudades

Eis que surge ao longe

Um barco que volta

Um grito potente é ouvido:

“Voltei, voltei porque te amo!”

A rosa é levada pelas águas até o barco

Para encontrar seu amor

O cravo, que marcara seu coração

Suas fiéis companheiras

Desenham na areia da praia:

“O amor sempre vence!”