De Elisa ao Tio Haroldo

Poema escrito em abril de 2007 (Os irmãos estão colocados pela ordem de idade)

Sangue quente e sem papas na língua, falava

as verdades sendo clara e muito precisa.

Memória de elefante que nunca falhava,

seu quitute era coalhada, seu nome Elisa.

Para nós sobrinhos era quase uma avó

ao dizer, bom dia! Mais dois dedos de prosa...

Vinha do Campinho, mas nunca vinha só:

consigo a alegria e o perfume da Rosa.

Dentro de seu coração, a luz se acendia

sempre que a injustiça ameaçava chegar.

Com calma e em silêncio, dona Fany fazia

aquilo que era certo, sem titubear.

Carregava n’álma o dom da liderança

e a todos ouvia com generosidade.

A sua grande marca foi a confiança;

seu nome era Adolfo e Alfenas sua cidade.

Lembro-me bem das conversas sobre política;

inteligência solar, pra mim: era um mito...

Sempre preciso e certeiro, a sua crítica

revelava-nos quem era o tio Carlito.

Olhos azuis e sorriso largo no rosto

bonachão eu diria, de mim pra você.

Conforto a gente sentia, e falo com gosto,

estar ao lado do nosso tio Nenê.

Como se fosse a minha mãe, tia querida!

Sua presença me curava. Foi bendita

sua passagem pelo mundo, pela vida;

amando os pobres e famintos. Salve Zita!

Humor fino, agudo, cortante e até irônico,

foram marcas registradas do Seu David,

poucos sabem e falo até ficar afônico:

foi benfeitor de estudantes... Eu mesmo vi.

Olhos argutos para prestar atenção

riso solto e um jeito quase indizível,

trazem à minha mente uma grande emoção:

filmes do Haroldo na veasa: Imperdível!

Esse poema nos traz singelo resumo

das muitas riquezas ainda a explorar.

Se acaso fui injusto com alguém, eu assumo

e peço perdão... Mas, só queria agradar...

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