MEMÓRIAS
Nunca vou me esquecer,
Logo ao amanhecer,
Do menino, o leiteirinho,
Gritando em nossa janela :
- Óia o leite ! óia o leite !
O leite ainda quentinho,
Naquela vasilha areada,
Ia direto à panela
E, após a sua fervura,
Com café, que gostosura !
E o oveiro, num burrinho,
Vendendo ovos fresquinhos,
Verdureiro, de carroça
Com produtos lá da roça.
Parece que estou vendo
O pão caseiro crescendo,
Dava até água na boca...
E com manteiga, não pouca,
Que era também feita à mão...
Que delícia ficava o pão !
Tomava banho de chuveiro,
Aquele do tipo latão,
Estojo e caneta tinteiro,
Uniforme azulão.
Tudo pronto, ia à escola,
Bolsa de couro marrom,
Pedia " bença " e ia embora
Rumo à alfabetização.
Que tempo bom, minha gente,
Que vida simples se tinha,
Diferente do presente...
Professora era rainha !
Criança arteira existia,
Porém, não pornografia,
Graças a Deus não se falava,
De drogas e violência,
A criançada brincava
Com a mais pura inocência.
Por isso, sinto saudades,
Do tempo que passou,
Daquela simplicidade,
Infelizmente ele voou !
Auro.