Horas Mortas

HORAS MORTAS

Horas mortas, grandes corredores,

Do velho hospital,

Silêncio profundo ,

Espera de quê?

De um novo dia , da cura da esperança?

O relógio lá , no canto dele ,

No enorme pedestal de jacarandá , marcava as horas ,

O tempo que mãmãe tinha de vida!

Quando badalava ,seu som era triste ,

Melancólico , como a dizer :

-sinto muito – sinto muito!!

Nós duas eu e mãmãe esperávamos ...

Assim ,aquí juntas no banco do corredor .

Olhando de baixo para cima ele me parecia

Um totem grande, a controlar nossas vidas.

Eu e ela ,amigas juntas na alegria e na dor ,

Esperávamos e ouvíamos as suas badaladas!

Havia horas sem dor ,era bom ,ela contava –me histórias,

E até sorríamos de pequenas coisas...

Ela se foi ,Deus a chamou ...

Cansou –se de esperar ....

A doença ,sem cura a levou!

Exatamente , no mesmo lugar onde

Costumávamos a nos sentar , me encontro hoje

Ouvindo o velho relógio e esperando o meu tempo!

borboleta azul
Enviado por borboleta azul em 09/05/2008
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