Foi perdido tanto tempo...
Tanto tempo se perdeu e é irreversível...
Quantas palavras puderam ser ditas e se calaram...
Quantas lições serviram de exemplo,
mas todas elas na boca se fecharam...
Chave do tempo jogada na enxurrada...
Carinhos que ficaram imóveis, presos no templo
da timidez, da falsa sensação de sensatez...
Tudo agora é inútil, já não se pode fazer nada...
Apenas, a tristeza é testemunha dessa dor calada...
Quantos anos perdidos, nem um abraço se deu...
E agora, diante deste adeus, fica tudo mais triste,
mais pesado...não fosse o verso, eu não teria falado
dessa mágoa que corrói sem buscar finalidade...
Toda a felicidade de uma vida, parada no tempo,
teria sido mais gostoso um aperto de mão...
Mas diante da dor, cala-se meu coração;
apenas, à poesia se permite esta evasão...
Na iminência da partida para a eternidade,
ficará a lembrança triste, a serenidade
de um último olhar que não será mostrado,
mas nem por isso da alma será apartado...
Vai a alma rumo a Deus, sem carga nem gibão...
Voa tão leve, como voa o coração...
Busca o espaço, onde o abraço é permitido;
vai e deixa a saudade de um ente tão querido...
Os olhos já não precisam ver, nem a mão tocar...
As palavras que se calam nada têm a retificar...
Vai um coração, morre um ancião,
renasce uma criança no pranto da amplidão...
Sentirei saudades suas, vai com Deus, meu irmão!
(às 18:35 hs do dia 22/05/2008)