Momento Instante

Arruma-te para morrer

O figurino ainda guardado na penteadeira

Remove o pó

A poeira fina dorme

As cortinas estão fechadas

As paredes ficaram ásperas

O dia acordara bucólico

Apetece-me correr contra o vento

E,em meio as pétalas

O retrocesso dos espinhos

Lembraças do calhambeque

Lembranças de uma loção amadeirada

As batidas demasiadas nos pregos

Apregoam a moldura do meu corpúsculo

Busco antes as flores depressivas

Que tornará o belo esquife perfumado

O casebre corróido por cupins

Reunirá o covil dos ineptos

Senhoras pretas fervem o café

O momento sarcástico desce dos céus

O figurino já límpido

Cortinas sedosas

Paredes avessas

E,minha beleza lúgubre felicita a todos:

Não mude o dia de hoje para depois de ontem...

Recorda-te!

Arruma-te para morrer...O momento é instante!