Amargo Cansaço

Em homenagem a Fernando Pessoa e das muitas lembranças de seu "Poema em Linha Reta"

Esqueci do trabalho no dia de hoje

Esqueci mesmo...

Estava cansado e me atrapalhei com o tempo sujo

Me perdi no espaço nojento da vida

Um mal-estar invadiu minha alma atrapalhada

Uma náusea misturou a vida, espancando meu peito, meu jeito...

A culpa tomou meu espírito e pensei em Deus

Triste é o fim daqueles que são cobrados pelo trabalho

Horrorizado devido a incompetência da voz alheia

Que vomita palavras levianas sem saber dos acontecimentos

Sinto a culpa e a incompetência lúgubre de um corpo sem movimento

E por pouco não assassino o que resta de responsável em mim

A infelicidade faz parte de minha simples vida de ser humano

As cobranças não param e tal como as correntes do mar, aparecem mais fortes à noite

Sacudido pelo vento da perseverança, a mente dispara a adrenalina no corpo frágil

Corpo que trabalhar não foi. Estava cansado... arrebentado...

Mas os bípedes humanos não nutrem a compaixão

As organizações desejam resultados efêmeros e de pouca serventia

Acobertadas pelo manto da hiper-realidade pregam o nosso tendão

Esbofeteados pela vida, os seres humanos se apegam como se cachorros fossem...

Perdemos a capacidade de sentir pelo outro. Esquecemos a humanidade.

Não podemos errar? Não devemos demonstrar nossa vulnerabilidade? Onde estão o seres humanos?

É disso que é feito a vida? Faz sentido andar em linha reta?

Triste fim de mais um "Policarpo Quaresma" (Lima Barreto).