NAS FOTOS EM QUE VOCÊ ME VÊ

Nas fotos em que você me vê

a câmera nunca se distancia mais de mim

que a distância do comprimento do meu braço

E ainda me pergunta se estou sozinho?

Será que eu preciso fazer associações dialéticas

com argumentos em concatenações imagéticas

Para que você perceba o quanto lhe preciso?

E o quanto seu afastamento acaba comigo?

De nada valem todos os filósofos que já li

Espinosa e Marx são importantes, mas não estão aqui.

E eu não preciso todo o tempo tentar explicar,

Pois sem viver não tenho nem objeto a estudar!

Não tenho grandes contribuições ao mundo

Além da máxima possível que eu posso dar

A de não me deixar abater quando em torpor profundo

E a de inexoravelmente achar... Que posso achar que posso mudar.

Espero mesmo que os versos não lhe passem como vãos

Como coisas que se perdem e não se recuperam

Como a sensação de uma brisa, que não se prende nas mãos

Como as coisas que nunca vêm porque sempre esperam.

Sou então eu mesmo um ser que se contradiz...

E ninguém vê! Pois se eu disse que são vãs

as coisas que nunca vêm porque esperam

Sou eu mesmo vão por Esperar que os versos não lho sejam.

Das poucas pessoas que leram estes versos

ninguém entendeu realmente o que eu quis dizer.

Tão claro fui e por que não o ser? visto que sou

tão transparente como as coisas suas que se escondem de você.

Nas fotos em que você me vê,

Via de regra, não há outro ser para quem eu sorrir

Quando é você quem me devia complementar ali

Com todas as maluquices que você fala sobre viver.

Louca é a sua Razão que sempre se apropria da razão

E faz me deixar convencer por argumentos sobre a pele.

O contato do que a fala ou a escrita melhor método se revele

Pois patente é a verdade à qual se guia pelo coração.