Um Poema Para Mãe e Filha

 


Ao passar pelo cemitério

Vi uma caveira chorando

Era muito pequenina a caveira,

Não deveria ter mais que cinco anos.

 

O que houve, pobre caveirinha,

Qual a causa de tanto sofrer?

A sua dor não teve um fim

Nem mesmo após você morrer?

 

Minha dor jamais terá fim

Pois foi a traição quem me matou

Bruxas malvadas fizeram muita ruína na vida de inocentes

E colocaram a culpa em mim, pobre criança que a Morte não calou

 

E morrendo assim não morre-se

Pois um injustiçado nunca poderá descansar

Até que seus algozes virem pó

Até que sejam obrigados a seus crimes pagar

 

E sofro muito

A padecer no frio desta tatumba *

A padecer de sede e de fome

Tudo por causa desta maldade imunda

 

Pois então não chore, pobre caveirinha

Nem toda bruxa é ruim

E para provar isto, cuidarei de ti

Seremos mãe e filhinha assim

 

Eu adoro caveiras

E de bom grado cuidarei de ti

Até vou te comprar um bercinho

De pura renda preta e forrada de escuro cetim

 

Sim, toda bruxa é ruim

Somente o tempo é que irá te dizer

O que hoje para ti é puro encantamento

Amanhã será um puro sofrer.

 

Mas estou muito feliz agora

Pois serei teu bebezinho

Mas não saberás meu nome, pode chamar-me como quiser

E só o tempo te dirá porque me encontraste aqui sozinho.

 

As Trevas atraíram-te a este cemitério

Mas não tema nada, mamãezinha

Pois a justiça nunca falha

E comigo ao te lado, jamais estará sozinha.

 

 

 

* Catacumba em linguagem infantil

Allegra Lillith Dominguez
Enviado por Allegra Lillith Dominguez em 29/06/2008
Reeditado em 27/07/2008
Código do texto: T1057529
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