Ao Longe

Posso ver essa imagem trêmula ao longe... Que se afasta mais.

Partiu, eu sei, porque fui falha em dizer que o amo.

Memórias de um grande veleiro que nunca deixou o cais

Lembranças de frases não ditas, somente insinuadas a esmo.

E agora fico expectadora desse dilúvio confuso, de uma vida inteira

Tecido em orgulhoso fio de ouro, futuro cortado, repousa esquecido.

Com tua tênue partida acenando contra a luz, ao vento

Fico presa em eterno purgatório onde meu tormento é maior.

Posso ver a casa nova, ele disse que não ia voltar;

Aquele jardim tão lindo, chorando ela ficou a esperar.

As rosas de vermelho sangue; as cortou em uma maldição

Crescem lindas e o lugar parece belo; é vazio e a beleza ilusão.

São coisas que sinto, ciclos que voltam a cada tempo.

São imagens que vêm sem cadência, barradas em um turbilhão.

Não sinto sono, sei que olho pela noite. Eu vejo seus olhos.

E escrevo poemas, gritos que servem para acalentar um coração.