PERSISTÊNCIA


Esquecido do instante,
eu persisto em ser.
Que me sangre o coração
o amor desfeito.
Que me maltratem
as horas desavidas.
O passado é o bastante
ao instante imutável.

Nele o amor se propala.
Há certeza na fala,
nos gestos, nas juras,
na doce procura
da mulher que se cala.

Esquecido do instante
que abusou da verdade
e me impõe a clausura,
eu continuo a ser
creditante do amor,
persistente na procura.

Como na gênese de todo o mistério,
eu continuo a ser o elatério
dos meus sonhos de amor,
mesmo os lançados
além dos hortos,
natimortos.

Odir, de passagem
18.07.08