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         A  MINHA   DOR

Para um grande amigo que perdi  (no dia 27 de junho) e nem sequer  tive oportunidade de despedir-me...

             Sandra Mamede

 

 

No meu silêncio,

ecoa  um grito alucinante,

dilacerando-me  as entranhas,

sem  piedade.

 

No meu sorriso,

torrentes  de lágrimas correm invisíveis

querendo  fazer-me fugir da realidade.

 

O meu pensamento,

encontra-se em  total  ebulição,

as  interrogações não me abandonam,

vem...e...vão...

 

A minha razão,

foi-se embora  naquele momento

da brutal notícia

que aflorou em mim, através da minha emoção.

 

O  meu âmago,

está  seco, está  vazio, sem  inspiração, sem vontade,

 sucumbiu  perante  a  dura verdade.

 

O meu caminho,

hoje está sem direção

pois falta-me a bússola que me dava orientação.

 

As minhas pernas,

já não querem caminhar, sinto-as pesadas, lentas,

parecem querer parar.

Sem o vigor e a vontade de outrora,

quando sabia ter um amigo no fim do caminho

que poderia encontrar.

 

Parentes nós os temos pelo sangue,

mas amigos nós os temos por escolha,

assim descobrimos a grande afeição que nos unia,

baseada no respeito.

Como uma flor, cultivamo-la  dia-a-dia,

nas conversas, nas confidências,

nas tristezas e alegrias.

 

Oh, Deus!

Como dói saber que você se foi !

Sem um adeus  ou sequer  um aperto de mãos.

De não ver mais os seus olhos brilhando de felicidade,

na  expectativa de tornar-se avô.

No orgulho que tinha da sua família

e  com toda a sua  discrição,

de cada um deles falou-me um pouco

com  grande emoção.

Seus filhos...a razão da sua vida,

amava-os mais que a si mesmo

numa total dedicação.

 

No meu céu, hoje, existe mais uma estrela,

a  mais cadente, de um brilho incandescente,

que mesmo de longe, sempre se fará presente

na vida  de todos  aqueles a quem amou

e com sua sabedoria, para cada um

um grande legado deixou; de integridade,

honestidade e respeito,

assim a todos você conquistou.

 

Oh, amado cavalheiro!

A sua vida foi um exemplo.

Suas palavras eram de pura sabedoria,

às vezes parecia viver fora do seu tempo

por  suas atitudes, que de tão íntegras

pareciam até utopia.

 

Você encontrou a paz,

Acabou o seu sofrimento

Hoje...sua prisão abriu-se

E você voa livre ao sabor do vento

Feliz na  paz que agora encontrou

 

Como escreveu na sua poesia,

Maior presente feito com todo amor

para  sua amada filha,

hoje...querido amigo,

tomada pela dor e pela emoção...

nesse momento eu escrevo para você:

 

Ave  Ivan...Ave Maria...

Siga em paz amigo, ao encontro do Senhor.

 

ADEUS ...meu amigo...

 

 

Salvador, 15 de julho de 2008