O QUE SE PERDE

Não sou dos que fogem à luta

Nem tampouco dos que reagem ao grito

Não sou dos que rebatem o atrito

Muito menos dos que restrigem os ouvidos...

Sou daqueles que encaram a dor como parte de si mesmo

E a esmo atiro dentro do meu próprio quarto

Sou um escrevinhador de versos pobres

Farto de sentir na pele as unhas cravadas da injustiça

Mas não pereço assim tão fácil

Nem disponho minha carne ao seco sol do meio-dia...

Quando abraço as misérias do mundo nem dou conta que passo a fazer parte dela...Sou a própria miséria...Tenho a dor intrínseca nas unhas das mãos...Sou a parte mais fraca do meu lado mais fraco...

O que se perde em tempos de frio nem se compara com dias de ira

E o que irá me tirar do sono do qual não acordo?

E o que irá me acordar?

O que se perde em tempos de frio é o que se perde em forma de tempo...A favor do vento...Contra a maré...

O que se perde em mim são palavras

Tanto as que escrevo, quanto as que recebo

...Mas não pereço assim tão fácil...