Amargo
Não sei o que fazer com as coisas
que aprendi desde criança.
Não sei conviver em equilíbrio
entre a tempestade e a bonança.
Não sei ser adulto com minhas apreensões,
ainda temo, tremo, embirro e choro.
Tímido me intimido com a vida adulta,
minto minha força,
fantasio minha maturidade,
divago projetos vagos, sem chão.
Tenho pena de minha autopiedade,
sou ímpio sem sê-lo,
temo a Deus sem conhece-lo.
Faço trapaças com as palavras,
filosofo em vão
como se fosse um adulto. Não sou.
Amo, mas não basta.
Falta-me talento para o todo da vida.
Queria dar colo ao invés de pedir.
Ah! Como desejava ser
tão forte quanto aparento.
O que aprendi apenas
foi chorar para dentro.
Queria peitar o mundo,
revoltar-me, resolver-me,
mas minha coragem não reside em mim,
está na mulher forte que amo e agora sofre
e chora e desaba.
E eu, neste momento, não sei ser muro de arrimo.
Sou barro sem forma. Projeto incerto
quando deveria ser
estrutura de concreto.
08/01/2008