Nimguém passou por aqui

Conto dos dias para te ver,

Como se estivesse a alucinar,

Como se meus pensamentos fossem meros sonhos.

Mas tu não vens.

Já cansada, olho em meu redor,

E tento identificar algo de ti.

Observo as paredes deste quarto,

Que parece que perdeu a vida,

Desde que te foste embora.

Observo, minha cama,

Que já sente a tua ausência.

A porta do quarto no entanto,

Ainda está aberta,

Desde o dia em que partiste,

Como se de repente fosses voltar.

A tua roupa, que continua espalhada,

Pelo quarto, ainda tem teu cheiro,

Um cheiro, de dor e desespero.

De mágoa e desilusão.

Deixaste-me para aqui, perdida,

Sem saber o que fazer da vida.

Desde que te foste,

Até o sol, já não quer brilhar,

E todos os dias cheiram a tristeza.

Minha vida, aos poucos perde também a sua cor,

E a magia dos dias que vivemos,

Aos poucos vão se apagando de minha memoria.

E eu, já em completo desespero,

Saio do quarto,

Desço as escadas, quase não sentindo os meus passos,

Abro a porta, em direcção à rua,

A claridade incomoda meus olhos,

Depois de tanto tempo na penumbra.

Olho as pessoas que passam,

E com esperança redobrada,

Vejo um vulto conhecido,

E pergunto-lhe por ti,

Mas ele, imergido na sua própria dor,

Apenas me diz:

“hoje, ninguém passou por aqui"!.

deusaii
Enviado por deusaii em 23/09/2008
Código do texto: T1192221
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