NINGUÉM
Ninguém,
Ninguém veio.
Ninguém me viu...
Ninguém se quer ouviu,
O meu suspiro de desalento,
Meu peito, meu corpo,
Meu aceno.
A este ninguém respondeu.
Ninguém criticou o meu silêncio,
Ninguém me estendeu a mão.
Pois já que não tinha opção,
Gritei, esbravejei,
Mas ninguém prestou atenção.
Ninguém veio me cobrir contra o frio,
Ninguém veio me perguntar,
Se precisava d’algo.
A mim mesmo afago,
Já que ninguém se dispôs,
A me abrir os braços,
A me apertar em seus abraços,
Ninguém me percebeu,
Ninguém se lembrou de mim,
Ninguém me telefonou,
Ninguém percebeu que sou alguém.
E alguém algum dia,
Quando se perguntar o que eu fazia ali,
Não haverá mais nada,
Não mais existira eu,
Por que eu sempre fui ninguém.
13 / 09 / 2004