Amores impossíveis

Cala-te um instante, minha boca.

Suporta os insultos com elegância.

Não dês ouvido a quem é louca,

Pois o silêncio irrita a ignorância.

Ela tem catorze e pensa menos que isso.

Uma criança ridícula e mimada.

Sei, é bela: uma beleza de ouriço.

Retribui o carinho com uma picada.

Tudo bem, sou culpado, aceito.

Deveria escolher melhor essas paixões,

Que quem sofre depois é meu peito

Repleto de insultos e incompreensões.

Fazer o quê? O mundo é essa porcaria.

Um antro de insensatos e insensíveis.

Ora, vejam! Quem imaginar poderia

Que os amores aqui são impossíveis?

Se não me entendes, por favor, sai daqui que preciso respirar.

Tua presença desperta-me o ódio, que tira-me o fôlego.