Dobram os Sinos
Envolto em meu manto de fria incompreensão
Sinto uma nuvem de solene pesar
rondar minha mente solitária
Não vejo trevas ou luz
Nem sei se vivo somente
A esperar que ainda essa noite
seja a última das infinitas
pelas quais passei gemendo
Não vejo beleza no pôr so sol
ou no brilhar das estrelas
Não vejo alegria
do som de pezinhos inocentes no soalho
Não sinto mais, suave, a brisa da manhã
Ou o frescor da aurora
Não pretendo ser futuro, ou presente
Ou vazio, nada mais
"Escuta: dobram lentamente os sinos,
Férreos sinos"
Dobram por mim os sinos
Em fúnebre agonia
No solitário campanário enterro-me
na profunda gruta que, por fim
o Tempo, num compasso tão constante
a transformará em tumba.
(baseado em Os Sinos , De Edgar Allan Poe - estrofe 4)