Noturno I.
A tristeza me sente com
A voz do silêncio
Gravada no grito.
A noite me ofusca
Com sombras que agridem
A colméia da insônia;
Lascas de febre
Estilhaçam delírios.
Quero o amor saciado
Mas este negado foi.
Nos lábios do infinito
Suspiro e beijo, brinco
Pecando com os anjos
Na fuligem das horas.
Sangro, o que o ferimento não cala.
A cicatriz atesta
A reconstrução da carne.
Queimando os olhos
Com lava. Sou poeta,
Voz derramando melancolias.
Noites abrasadas de chuva,
Labaredas de silêncio.
Afirmo o que sinto e sonho;
Quero ser mito
Idolatrado em seu final,
Relicário guardando o fulgor dos ossos.
O sol sorri...
Iluminando minhas trevas.