Noturno I.

A tristeza me sente com

A voz do silêncio

Gravada no grito.

A noite me ofusca

Com sombras que agridem

A colméia da insônia;

Lascas de febre

Estilhaçam delírios.

Quero o amor saciado

Mas este negado foi.

Nos lábios do infinito

Suspiro e beijo, brinco

Pecando com os anjos

Na fuligem das horas.

Sangro, o que o ferimento não cala.

A cicatriz atesta

A reconstrução da carne.

Queimando os olhos

Com lava. Sou poeta,

Voz derramando melancolias.

Noites abrasadas de chuva,

Labaredas de silêncio.

Afirmo o que sinto e sonho;

Quero ser mito

Idolatrado em seu final,

Relicário guardando o fulgor dos ossos.

O sol sorri...

Iluminando minhas trevas.

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 11/10/2008
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