Dor

Dor

De Iolanda Brazão

Meu corpo trêmulo

Esta angustia que teima em ficar

Dentro do meu peito

As lágrimas que rolam

Independente de minha vontade

Este vazio assustador

Diante desta imensa dor

É algo assim inexplicável

A cabeça não para de pensar

Os pensamentos trazem as lembranças

As lembranças, às imagens

A dor aumenta

Atormenta

Dilacera

Rasga o peito

O chão foge dos pés

Tudo se confunde

A vista escurece

O corpo enfraquece

Vem a escuridão

Não vejo mais nada

E ainda assim te procuro

Chamo-te em algum lugar

Na verdade não quero te deixar

Por isso insisto em lembrar

Esquecendo a realidade

Que me alerta que preciso aceitar

Não posso mais brigar

Muito menos questionar

Pois não há mais solução

Só me resta agora aceitar

Conformar-me

Rezar

Despistar

Procurar ver de outro ângulo

Fazer desta triste experiência

Um aprendizado

Assim aceitar

A vida e a morte.

9:25 26/05/2006